Você sabia que atualmente morrem mais de 5 milhões de pessoas ao ano por doenças crônicas evitáveis? Para o neurologista Pedro Schestatsky, essas mortes não aconteceriam se a medicina do futuro fosse o presente. O especialista – também professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e fundador da LifeLab, programa de precisão que diagnostica doenças em fase pré-sintomática – falou com exclusividade aos cooperados da Unimed Porto Alegre no Ciclo de Palestras iniciado no dia 24 de maio.
A longevidade sempre foi um desafio para a ciência. Com a evolução tecnológica, foi possível descobrir como evitar, diagnosticar e tratar as doenças. "Estamos em uma realidade jamais vista em termos de evolução médica", afirma Schestatsky.
Para entender como a medicina do futuro pode ajudar na longevidade, Pedro Schestatsky elenca cinco limitações da medicina atual, as quais ele chama de oportunidades que devem ser vencidas para transformar a medicina do futuro em presente:
Foco na doença: "Hoje trabalhamos com pacientes que têm má qualidade de vida, sedentários e sem atentar para a prevenção de doenças. A medicina do futuro tem como objetivo trabalhar esse paciente para que ele alcance uma evolução, tornando-se 100% ativo, com alimentação balanceada e atividade física frequente. "
Paciente não se trata sozinho: "O indivíduo devia ser o seu próprio médico, praticando a prevenção das doenças. Apesar da palavra batida, o empoderamento define o paciente da medicina do futuro. Hoje as pessoas contribuem para o paternalismo dos médicos, pois querem ser tratadas mais do que tratar a si mesmo. "
População é diferente de indivíduo: "Os ensaios clínicos falam muito de populações e não focam em grupos de pacientes. Todos são diferentes uns dos outros, o que torna as respostas variadas. A medicina de precisão veio para trazer exatidão aos diagnósticos. A partir daí, torna o indivíduo único, para que ele possa ser tratado de forma personalizada, com o foco em seu problema. "
Médico deixa de ser autoridade para ser parceiro: "A figura do médico no futuro não será mais como uma autoridade, mas como um gestor da informação. Como a informação é abundante, precisamos de alguém que faça esse filtro. Então vejo um caminho promissor na medicina se apostarmos nessa oportunidade. "
Estudos lineares: "Os ensaios produzidos pelas instituições ficaram lineares. O material é utilizado sete anos depois, por exemplo. Estamos em meio à Lei de Moore, que diz que o poder de processamento dos computadores dobraria a cada 18 meses. Um exemplo disso é a decifração do genoma, que levou 15 anos para alcançar 1%. No último ano, já com a invenção da ferramenta Ilumina, mais barata que um tomógrafo, o genoma alcançou 99% de tradução. Em um ano foi feito muito mais que em 14 anos. "
O neurologista ressalta ainda que a vida é como um automóvel. "O carro está exposto a quatro fatores: design, manutenção, acidente e quilometragem. O design é a nossa carga genética. A manutenção são os checkups. Os acidentes são o ambiente, e a quilometragem é o envelhecimento, que ainda não conseguimos retardar. Podemos ter uma plenitude se prestarmos atenção nessas variáveis", afirma.
Ferramentas do futuro no presente
Para o médico, as ferramentas tecnológicas devem ser exploradas, bem como o uso de inteligência artificial. "Existe uma ferramenta chamada Living Matrix. É um questionário de 5.000 perguntas que permite ao médico estudar o paciente de forma detalhada. A partir de gráficos, oportuniza saber o que aconteceu com o paciente antes mesmo de ele nascer e ressignifica os sintomas em áreas da saúde, para orientar o especialista na conduta terapêutica", conta. O interessante fica por conta do valor, que, graças à exponencialidade da tecnologia, custava US$ 100 mil e hoje pode ser adquirido por US$ 980. "Esse fato abre portas para a tecnologia disruptiva: o que era privilégio de uns vira privilégio de muitos", destaca.
Ciclo de Palestras Unimed Porto Alegre
O Ciclo de Palestras faz parte da Diretriz de Aproximação com o Cooperado, que tem como objetivo elevar a satisfação do cooperado com a cooperativa, bem como valorizá-lo. A iniciativa visa a proporcionar aos cooperados novas interações com temas contemporâneos, voltados ao bem-estar e à saúde do médico, além de proporcionar autoconhecimento e despertar interesse sobre temas diversificados e inovadores.