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Ecoansiedade: como as mudanças climáticas podem impactar a saúde mental

29/05/2024 -
Saúde Mental
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A ecoansiedade, também conhecida como "ansiedade climática" é um termo que foi primeiramente descrito pela Associação Americana de Psicologia (APA), em 2017, como "medo crônico de sofrer um cataclismo ambiental que ocorre ao observar o impacto, aparentemente irrevogável das mudanças climáticas, gerando uma preocupação associada ao futuro de si e das próximas gerações".

Apesar do termo ecoansidade apresentar em sua definição o “medo crônico da catástrofe ambiental", ele não é considerado uma doença. Porém, devido à grande preocupação decorrente da emergência climática que estamos vivendo, pode ocasionar impactos psicológicos, mais ou menos graves, em algumas pessoas.

Muitas pessoas consideravam que a ansiedade climática seria relacionada a questão de saúde mental futuramente. Porém, tragédias como a ocorrida no Rio Grande do Sul nos mostrou que ela já está presente em nossa realidade, atingindo a saúde mental tanto diretamente, para quem está vivenciando a situação, como indiretamente, para quem acompanha as notícias e se vê tomado pelo sentimento de angústia e tristeza.

​Mas, quais são os impactos ambientais relacionados às mudanças climáticas? 

Eles se relacionam ao aumento significativo de fenômenos meteorológicos extremos, como grandes ondas de calor intenso, incêndios, terremotos, ciclones, maremotos, etc. Também, o aumento da poluição e o impacto na saúde das pessoas, acúmulo de lixo nos oceanos, do desmatamento, aumento do nível do mar, entre outros fatores que já são uma realidade, fez com que muita gente começasse a ser afetado pela ecoansiedade sem conhecer o seu significado.


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Como a ecoansiedade pode afetar as pessoas?

Importante destacar que a ecoansiedade não impacta todas as pessoas da mesma maneira. Sobretudo, ela costuma afetar aqueles com mais consciência ambiental.

Dentre os seus sintomas, eles podem despertar ou agravar outros transtornos relacionados a saúde mental e se manifestar de formas diversas. Podemos destacar o estresse, ansiedade, distúrbios do sono, nervosismo, trauma inicial, estresse pós-traumático, bem como sentimentos de culpa, vergonha, luto, incluindo a depressão. É comum que as pessoas expressem um forte sentimento de culpa pela condição atual do planeta.

Especialistas ressaltam que, embora não existam dados referentes ao número de pessoas impactadas pela ecoansiedade, é esperado que aumentem conforme as pessoas forem presenciando cada vez mais eventos adversos do clima. Neste sentido, a saúde mental também é impactada pelo distanciamento gradativo da nossa conexão com a natureza, exposição a locais poluídos, degradados e com ruídos excessivos, levando a quadros de irritabilidade, estresse e problemas de sono.

É importante destacar que comunidades resididas em áreas mais propensas a desastres naturais, como temporais e deslizamentos, podem sofrer um impacto maior da ecoansiedade, pois tudo isso gera medo, incerteza e angústia para essa população, além do aumento de ansiedade e estresse naqueles indivíduos obrigados a migrar para outros locais em decorrência de desastres naturais.

Da mesma forma, devemos ter atenção àquelas pessoas que não foram atingidas, porém, estão em sofrimento diante da dor do outro. O sentimento de culpa, impotência, preocupação, vontade de ajudar, compaixão, empatia e o contato com as situações de tragédias podem desencadear reações emocionais e comportamentais intensas.

Sobre a ansiedade — A ansiedade é uma resposta fisiológica do nosso organismo para se adaptar a situações identificadas como ameaças, onde entramos em um estado de vigilância no qual o nosso corpo se prepara para algo que pode acontecer. Esse estado, caracterizado por respostas emocionais e comportamentais, embora gere desconforto, tem como intenção manter o nosso corpo em segurança. A ecoansiedade não é, necessariamente, algo negativo, afinal, preocupar-se com o futuro é importante. Porém, é necessário que estejamos atentos ao que essa preocupação quer nos dizer, para que se transforme em ações que mobilizem para um futuro melhor.


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Ecoansiedade na infância e adolescência

A exposição constante a informações relacionadas a crise climática e o sentimento de urgência que isso traz vêm gerando impacto especialmente na saúde mental dos mais jovens.

Segundo o artigo “Ecoansiedade em crianças: uma revisão do escopo dos impactos na saúde mental na conscientização sobre as mudanças climáticas", de 2022, os sentimentos mais citados por crianças e adolescentes de até 18 anos em relação aos desafios ambientais são: preocupação (26,9%), esperança (20,8%), medo (14,4%) e ansiedade, em quarto lugar, com 13,1%.

Mas como ajudar crianças e adolescentes a lidarem com a angústia diante das mudanças climáticas?

Falar sobre o tema é uma maneira de conscientizar e engajar os jovens, por outro lado, torna-se necessário que o compartilhamento de informações tenha foco nas soluções coletivamente, gerando uma mobilização positiva e possibilitando aos jovens o aprendizado de estratégias de enfrentamento adaptativas.

O aumento da exposição dos jovens ao meio ambiente também é um ponto essencial. A conexão com a natureza traz benefícios importantes para a regulação das emoções, e aumento da criatividade, sendo extremamente benéfica para crianças e adolescentes.


como-lidar-ecoansiedade.jpgComo lidar com a ecoansiedade

Veja mais algumas orientações para conviver com questões ambientais de forma saudável:

Cuide da sua saúde mental — Dedique momentos do dia para realizar atividades prazerosas, assim a sua mente ficará mais leve para que os pensamentos de preocupação e ansiedade possam se afastar com mais facilidade. Pratique a autocompaixão, procure diminuir a culpa e saiba que você está fazendo o seu melhor.

Se engaje em ações coletivas — Procure por grupos, organizações e fontes confiáveis de informação sobre causas ambientais que compartilhem dos mesmos ideais que os seus. Isso poderá lhe auxiliar a conhecer mais sobre os assuntos e buscar por soluções coletivas alinhadas aos seus valores.

Conecte-se com a natureza — Procure realizar caminhadas em espaços com verdes, preste atenção aos sons da natureza e pratique atividades ao ar livre. Incluir simples momentos de reflexão em meio a natureza podem cultivar um estado emocional positivo.

Compartilhe seus sentimentos e busque apoio — Converse com pessoas próximas sobre seus pensamentos relacionados a questões ambientais e incentive que, juntos, possam buscar por soluções. Caso perceba que tem tido dificuldades para lidar com suas preocupações e isso vem impactando em sua rotina, considere buscar ajuda de um profissional de saúde mental para recuperar o seu bem-estar.

Faça a sua parte — O que você faz no seu dia a dia para cuidar do planeta? Promover um estilo de vida que seja sustentável para si e para os outros, ajuda a reduzir o sentimento de culpa e incentiva as outras pessoas a terem atitudes positivas. Atitudes simples como a reciclagem, ter uma alimentação saudável e reduzir o consumo de plástico, fazem a diferença no cuidado com o meio ambiente.

Lidar com a ecoansiedade requer que sigamos cultivando a nossa qualidade de vida, bem-estar e lembrando da nossa humanidade compartilhada. Assim, como tem sido demonstrado por todas as pessoas que vêm ajudando, se doando e cuidando coletivamente neste momento que estamos passando e que, nos lembram que temos mutualmente.

Lembre-se: somos todos um só, tudo o que fazemos como indivíduos impacta o todo. Para mudar o mundo, você pode começar de forma simples: por meio de você!​​


​​“Você tem que a​gir como se fosse possível transformar radicalmente o mundo. E você tem que fazer isso o tempo todo". Angela Davis​